Entregando-me.
Desculpe-me, mas eu tenho que fazer o que não quero. É horrível
acordar e perceber que vivo em uma mentira, deixando meus gostos de
lado, suprindo a necessidade alheia. Passam-se dias que parecem iguais,
pintando um mês, vários meses, um ano, de uma cor só. Minha visão, já
cansada de jogar tempo fora lendo o que não quer, cega-se
incontrolavelmente ao que outrora queria. Perde então a vontade. E se
fosse ela e somente ela, mas os outros sentidos passam pelo mesmo penar!
Pertencem todos a um só organismo. Organismo morto. Não há como encontrar felicidade depois de já não mais existir, e é por tal que peço desculpa a mim mesma; pois se viva não pude vencer, morta já estou vencida.
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